sexta-feira, 12 de março de 2010

A liberdade existe?

Vivemos de conceitos e acreditamos que eles existem. Um dos mais apregoados é o da liberdade.

A liberdade não existe! O ser humano é um ser social e terá de viver com as regras dessa mesma sociedade.

Em tudo o que fazemos e pensamos existem vários inibidores de vontade, ou seja, se formos ao cinema e nos apetecer ir de pijama não vamos porque parece mal aos que nos rodeiam; logo a nossa verdadeira vontade fica inibida havendo uma barreira imposta pela sociedade.

A única liberdade que temos reside na nossa mente, pois aí ninguém nos ouve nem ninguém nos julga. A mente aqui funciona como o escape da nossa vida de actos regrados e condizentes com a normal postura de seres eminentemente sociais.

O nosso trabalho é o de criar uma boa fachada para que os outros gostem de nós, o nosso propósito na vida é o de suscitar amor e admiração e para isso temos de montar a mais linda das fachadas. Se no trabalho não nos apetecer elaborar uma determinada tarefa, não vamos dizer que não nos apetece; ou fazemos contra-vontade ou inventamos uma desculpa para não fazer. Fazemos isto para que nos apreciem mesmo escondendo o nosso verdadeiro EU.

Obviamente isto é apenas uma constatação de factos; não se trata de uma crítica pois sei bem que quem está inserido numa sociedade de costumes e regras tem de saber sobreviver e vencer na mesma, pois isso também nos leva ao sentimento de dever cumprido e satisfação pessoal.

No que toca a regras sociais acredito ser-nos possível viver relativamente bem com a nossa mente livre, agora no que aos sentimentos diz respeito existe uma outra verdade incontornável. Os inibidores de vontades surgem de forma súbtil no nosso estilo de vida (construção de carreira, a casa que temos, o clube a que pertencemos, etc) mas nos nossos sentimentos (amor, ódio, saudade, raiva, amizade, desejo, paixão, etc) a história é outra e aí se define a nossa maior ou menor alegria de viver (sim porque felicidade é um conceito passageiro que vai e volta a espaços na nossa vida).

A maior parte de nós não exterioriza o que sente, seja bom ou mau, isso faz-nos viver numa hipocrisia incrivel. Se eu disser a um amigo em público que o adoro, exponho-me de imediato à chacota de terceiros que em sintonia com as regras da sociedade acham por bem criticar a minha demostração pública de carinho.

Há uma coisa que não controlamos... a capacidade de amar, odiar ou até desprezar. Infelizmente por várias razões somos impedidos de exteriorizar.
Pode parecer contraditório mas devemos tentar colocar cá fora o máximo que conseguirmos de sentimentos, senão o fizermos corremos o risco de aprisionar em nós algo que deveríamos partilhar.

Apesar de socialmente limitadíssimos por uma panóplia de regras e costumes deveríamos minorar a irrealidade da nossa fachada e mostrar um pouco mais de sinceridade perante os outros.

Afinal de contas somos um ser social que procura conviver incessantemente durante toda a vida. Devemos procurar essa convivência com um pouco mais de verdade ou então mantemos a luta diária com a nossa mente cheia de vontades e devaneios fechada ao mundo e vivemos sós entre milhões.

Conclusão:

Somos hipócritas porque não exteriorizamos grande parte do que sentimos.
Somos sofredores porque lutamos contra as nossas vontades e desejos.
Somos perdedores porque perdemos na batalha de ganhar alguém pela sinceridade.
Somos prisioneiros da sociedade em que vivemos.

Mas...

Se formos menos comedidos e mais sinceros, isto será muito mais engraçado e provavelmente estaremos mais perto daquela coisa que aparece a espaços chamada felicidade.

1 comentário:

  1. E que mais haverá a dizer, Peter?!...LIBERDADE/SOCIEDADE, uma utopia eminente...

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